Mantenedouro São Braz vai se tornar zoológico

Mantenedouro São Braz vai se tornar zoológico

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O Mantenedouro São Braz vai se tornar um zoológico em breve. A mudança foi solicitada pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (Sema) em função do crescimento da infraestrutura do local. Desde o início deste ano, a equipe está trabalhando nas adequações exigidas pela legislação ambiental e, agora, aguarda a liberação do alvará pela prefeitura e a vistoria final da Sema. Apesar da mudança da condição, o foco de atuação principal continuará sendo a educação ambiental.

– A estrutura é a mesma existente, mas com algumas modificações, como área de cambiamento; ambulatório; área de hospitalização pós-cirúrgico; ampliação da enfermaria; berçário; maternidade; criação de setores extras, como o setor de equipamentos de contenção e de transporte; plotagem da área; projeto arquitetônico de todos os recintos; chipagem dos animais; barreira visual; além de treinamento da equipe e contração de zootecnistas, médicas veterinárias e biólogo. Foi um processo difícil e oneroso, mas tivemos esse desafio e estamos concluindo uma grande etapa – explica Santos Braz, diretor do mantenedouro.

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Foto: Nathália Schneider (Diário)

Santos Braz relata que todas as exigências e obras estão finalizadas. A partir da vistoria da Sema, que é o último passo do processo, ainda podem ser solicitados alguns ajustes. A expectativa é de que até o final de setembro tudo esteja concluído e o São Braz se torne, oficialmente, um zoológico. Apesar desta nova nomenclatura, o diretor conta que o nome deve passar a ser somente “São Braz”.

– Não vamos assinar como Zoo. Para mim, é difícil, porque eu não gostaria de ser zoológico, eu gostaria de ser o São Braz Mantenedouro, mas em função da estrutura que se oferece hoje, não temos como fugir legalmente desta instrução normativa, que transforma em zoológico. Nosso trabalho sempre foi voltado para recuperação de animais apreendidos, a devolução para a natureza, e não em manter animais presos. Deus criou toda a biodiversidade, criou nós, para termos liberdade. (Por isso) o foco é a educação ambiental e vamos continuar com esse trabalho – explica.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Além das atividades relacionadas à pesquisa e estudo, como zoológico, o São Braz também pretende desenvolver o turismo de Santa Maria. Posteriormente, poderá ser aberto restaurante e loja de souvenir.

Diante das mudanças, Santos Braz fala que a trafegabilidade é essencial para que os visitantes cheguem até o local. Neste mês, a Estrada Passo da Ferreira, que dá acesso ao São Braz, passou por manutenção com serviços de patrolamento, empedramento e compactação. A prefeitura também fez a limpeza de bueiros e valas da via.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

São Braz busca ajuda para construir monumento

Durante a visita do Diário ao espaço, Santos Braz revelou o interesse em conseguir um patrocinador para construir um monumento no Trevo Maneco Pedroso, que fica em frente à Ulbra. A ideia é que a estrutura indique a entrada para o São Braz pela Estrada Passo da Ferreira.

– Está lançada a ideia para o Diário de Santa Maria que o São Braz quer um monumento, patrocinado por alguém, de uma onça pintada, uma arara vermelha ou azul, levantando a mãozinha, no trevo da Ulbra, indicando a entrada do Passo da Ferreira, com sinalização e o animal mostrando que aqui é o paraíso.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O foco na educação ambiental

Em funcionamento desde 1996, o Mantenedouro São Braz recebe diariamente animais provenientes de tráfico, maus-tratos, atropelamentos, correio de outros países, criadouros e cativeiros ilegais. A maioria das apreensões que chegam até o local são feitas pelo 2º Batalhão Ambiental da Brigada Militar de Santa Maria, mas outros órgãos ambientais também fazem encaminhamentos. Neste momento, em função da gripe viária (H5N1), apenas aves não estão sendo recebidas no local.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Atualmente, cerca de 600 animais vivem no espaço. O São Braz conta com 80 recintos, que são os locais em que ficam os animais. Cada estrutura tem uma placa de identificação, como nomenclatura popular e científica, distribuição geográfica e se corre risco de extinção. 

Na prática, a população conhece as espécies não apenas por meio destas informações, mas também com a explicação oferecida pelos guias e técnicos, que orientam, principalmente, grupos de escolas e qualquer outra entidade que tenha interesse. O objetivo, segundo Santos Braz, é que a comunidade conheça o trabalho feito no mantenedouro e se conscientize sobre o cuidado com os animais:

– As pessoas vão conhecer animais que foram predados pela mão humana, são animais que foram retirados ilegalmente da natureza, vítimas da maldade humana, atropelados em rodovias, animais que viveram no Parque Oásis por muitos anos ou que viveram em outros zoológicos que fecharam no Brasil, animais das queimadas da Amazônia, enfim, isso é importante a população conhecer – destaca Santos Braz.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Uma das exigências para se tornar zoológico é trabalhar, além da fauna, também com a flora. Por isso, o São Braz vai contar com um projeto de diversidade de plantas. Uma estufa será criada com plantas ameaçadas de extinção, e de árvores, que posteriormente poderão ser doadas para escolas da cidade.

O papel da sociedade para o São Braz continuar existindo

Desde a criação, o Mantenedouro São Braz se mantém por meio da ajuda da comunidade. Cada recinto é adotado por uma pessoa ou empresa que tem interesse em contribuir com a manutenção do espaço que os animais vivem. Além disso, parcerias com empresas garantem a doação de alimentos, equipamentos e suplementos. O preço pago na entrada pelos visitantes auxilia para as contas mensais. Vaquinhas também já foram feitas. Para construir o ambulatório, por exemplo, foram arrecadados R$ 64 mil por meio de doações em uma campanha online.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

– Ao longo do tempo, conseguimos ter a empatia da sociedade porque esse projeto não se mantém com verba pública, mas sim com a ajuda da própria sociedade. Hoje, temos um custo de mais de R$ 600 só com medicação, temos um custo bem expressivo com internação de animais atropelados em rodovias porque a fiscalização dos órgãos ambientais deixa o animal aqui, mas a verba não chega e quem faz somos nós – diz Santos Braz.

Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo telefone (55) 99967-7707 para fazer uma doação em dinheiro ou doar algum equipamento necessário ao espaço; ou ainda enviar uma contribuição pelo pix: 378.866.140-20 (CPF).

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Visite

O Mantenedouro São Braz é aberto para visitas todos os dias, das 8h às 12h, e das 14h às 18h. O preço da entrada é R$ 25 para adultos e R$ 20 para crianças. As visitas guiadas, com mais de 20 pessoas, são com preços diferentes e precisam ser agendadas.

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